Do Cafofo do Dezena - Crônica Viva - Do Lado o Quindim
Águas da Prata, SP, 12 de novembro de 2023.
Todas as vezes que vamos a uma cidade que não conhecemos, focamos nas peculiaridades. Quando fui morar na Baixada Santista, vindo do interior do estado, região de Campinas, embora originário da Serra da Mantiqueira, Águas da Prata, conheci lugares que muitos de lá nunca estiveram. A ideia é explorar, depois acabamos nos acostumando. Assim fiz em São Paulo. O maior desafio é conhecer as ruas. A pé, é uma ótima pedida, fiz muito na Mooca, mas, numa cidade das dimensões da nossa capital, não quer dizer muito. A solução veio aos domingos pela manhã. As ruas vazias são convidativas para um passeio de carro. Experimentem sair sem rumo e sem Waze. Uma delícia, garanto. Cada canto, cada praça, cada placa. Placas, principalmente, são descobertas fantásticas. Sairei de São Paulo e pularei para o interior do Paraná, oitocentos longos quilômetros.
A trabalho, depois de uma manhã de reuniões, desafios e planejamentos para o ano de 2024, hora do almoço, fomos ao Zepelim. Delicioso restaurante que faz o melhor pudim de leite da região, entre tantos outros doces. Comida caseira, gente bonita, comensais ávidos, atrás da balança a placa inusitada: EVITE CONVERSAR NA FILA. Umuarama é conhecida como a capital da amizade, então, como impedir que as pessoas conversem na fila do quilo? Certamente, as reclamações foram muitas. Talvez um bancário a poucos minutos de voltar ao trabalho, o viajante desesperado com o horário do ônibus, a esposa preocupada com a chegada do marido. Pela frente, dez pessoas. Como a fila não andava, fiquei observando se descumpriam a principal regra da casa. Não, calados, escolhiam meticulosamente o que colocar no prato. O silêncio só era quebrado pela voz dos garçons perguntando sobre as bebidas.
Na minha vez, prato abastecido, rumei, silencioso, para a mesa. Garanto que a comida é boa. Para sobremesa, peguei um quindim. Você não vai pegar o pudim? Perguntou-me o amigo. Não encontrei. Está do lado do quindim. Voltei aos doces e cortei uma fatia moderada, envergonhado pelos olhares dos que ainda estavam na fila. Garanto, é fenomenal!
Outra placa que me incomoda, vi em um cemitério: descanse em paz. Não quero que coloquem sobre minha lápide. Dá a entender que fiz tantas estripulias em vida que seria condenado à paz eterna. Fora de medida. Mas, deixem pra lá, ando falando tanto em cemitérios que pode ser mau agouro. Quem sabe? Toc, toc, toc. Talvez minha maior extravagância, hoje, seja não resistir aos pudins.
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A trabalho, depois de uma manhã de reuniões, desafios e planejamentos para o ano de 2024, hora do almoço, fomos ao Zepelim. Delicioso restaurante que faz o melhor pudim de leite da região, entre tantos outros doces. Comida caseira, gente bonita, comensais ávidos, atrás da balança a placa inusitada: EVITE CONVERSAR NA FILA. Umuarama é conhecida como a capital da amizade, então, como impedir que as pessoas conversem na fila do quilo? Certamente, as reclamações foram muitas. Talvez um bancário a poucos minutos de voltar ao trabalho, o viajante desesperado com o horário do ônibus, a esposa preocupada com a chegada do marido. Pela frente, dez pessoas. Como a fila não andava, fiquei observando se descumpriam a principal regra da casa. Não, calados, escolhiam meticulosamente o que colocar no prato. O silêncio só era quebrado pela voz dos garçons perguntando sobre as bebidas.
Na minha vez, prato abastecido, rumei, silencioso, para a mesa. Garanto que a comida é boa. Para sobremesa, peguei um quindim. Você não vai pegar o pudim? Perguntou-me o amigo. Não encontrei. Está do lado do quindim. Voltei aos doces e cortei uma fatia moderada, envergonhado pelos olhares dos que ainda estavam na fila. Garanto, é fenomenal!
Outra placa que me incomoda, vi em um cemitério: descanse em paz. Não quero que coloquem sobre minha lápide. Dá a entender que fiz tantas estripulias em vida que seria condenado à paz eterna. Fora de medida. Mas, deixem pra lá, ando falando tanto em cemitérios que pode ser mau agouro. Quem sabe? Toc, toc, toc. Talvez minha maior extravagância, hoje, seja não resistir aos pudins.
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Abner Lacrimanti Vallim
São João da Boa Vista,SP
13/11 19:39
Gostei