Do Cafofo do Dezena - Crônica Viva - Fofoca da IA


Assim também acontecia em pequenas cidades do interior. Era só o seu Mané abrir uma padaria e fazer sucesso, que apareciam vários Manezinhos abrindo padarias para curtir os bons ventos. Verdade seja dita, isso acontecia mais com os bares, que proliferavam pelos bairros, do que com as padarias. A diversão, após o trabalho, já que não se falava em celular e muito menos em IA, era ir ao boteco da esquina inteirar-se das novidades do dia. As mulheres trocavam informações nos portões das casas, após varrerem as caçadas os homens, em mesas de bar. Um trago aqui, outro acolá, e a língua IA se soltando. Muito do que se conversava de pouco adiantava, mas era a maneira como grande parte da população encerrava o dia.
Ficamos mais individualistas com os smartphones. Temos o mundo na palma da mão e conversamos com quem desejamos utilizando os programas de mensagens. Olhem que coisa interessante. É comum vermos, em portas de fábricas, horário do almoço, diversos trabalhadores sentados à sombra, muito próximos, com o celular na mão, cabeça baixa, rodando o TikTok. Ninguém conversa com ninguém. Ficam hipnotizados e, de vez em quando, um solta uma gargalhada e outro estica o braço em protesto.
Como chegamos até aqui? É, está tudo muito esquisito. Principalmente nesta nossa terrinha. Agora, admiramos o presidente dos EUA, mas que trata o Brasil como paisinho chulé, e muitos acham o máximo idolatrar os empresários daquele país, sem nunca fazerem o mesmo com os nossos. Mula sem cabeça soltando fogo pelas ventas, dizia meu pai. No meio deste turbilhão, aparece esse chininho danado e arrasta muitos trilionários a perderem alguns bilhões. Fazer o quê? Só quero ver o dia em que a IA aprender a fofocar ouvindo nossas conversas, ao esquecermos nossos celulares abertos, ou espionando os aplicativos pelos quais transitamos. Será o fim!
 
Fernando Dezena
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