Hoje, se tudo correr como planejado, à tardinha, pegarei o voo para Maringá. De lá sigo para Umuarama, noroeste do Paraná, a cem quilômetros do Paraguai. Região de matas virgens até meados do século passado, foi colonizada e explorada pela Cia Melhoramentos, a mata deu lugar à cultura cafeeira, que não prosperou pelo inverno inclemente, depois vieram as pastagens e a soja. Grandes cooperativas rurais e de crédito ajudaram a economia do estado a florescer. As cidades planejadas guardam algo de belo. Maringá tem em sua catedral, em forma de foguete, inspirada no Sputinik, o ponto de destaque. A nave russa causou espanto por todo o planeta. Lembro-me de minha mãe contar que, em sonho, meu pai falava: Sputinik, Sputinik, Sputinik. Dimensões do fantasma comunista.


Umuarama, avenidas largas, jardins bem cuidados, leva o título de capital da amizade. Polo econômico e cultural da região, tem algo que me chamou a atenção na primeira vez que aí estive. No semáforo, quando você passa abaixo da velocidade máxima permitida, aparece a palavra: PARABÉNS. Não me perguntem o que surge se acaso passar acima, ainda não ocorreu. O início da semana será de reuniões e trabalhos e, na quarta-feira, estarei em São Paulo.


Não existe nada melhor para refrescar a cabeça do que conhecermos novos lugares. A trabalho ou passeando, sempre se pode observar as peculiaridades. Andar pelas ruas, rosto ao vento, é o melhor. Gosto de uma longa caminhada intercalando curtas corridas todos sabem. Dez quilômetros são suficientes. No Rio de Janeiro, outra cidade que gosto, corro pela orla, na Baixada Santista, também, em Umuarama, além das ruas tranquilas, temos belos parques com a veação preservada, na minha terra, Águas da Prata, pela Mantiqueira, aqui na Mooca, pelas ruas. Só um inconveniente: os cachorros. Parecem que não gostam de mim. Ainda mais quando alguns criadores, achando-se acima da lei, andam com raças agressivas sem as recomendações legais. Vejam o caso da nossa querida poeta Roseana Murray atacada por três cães. Que barbaridade! Aqui na Mooca, próximo à Praça dos Pães, um irresponsável anda com o casal de pitbull a tiracolo sem focinheira. Decidi fazer um boletim de ocorrências, deixar registrado, já que viaturas passam pelas ruas e não tomam providências. Fazer valer o ditado: prevenir é melhor do que remediar. Lembrando que o remédio pode, muitas vezes, ser muito amargo.


Fernando Dezena é escritor.