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Do Cafofo do Dezena: Crônica Viva - Coincidências
São João da Boa Vista|cultura|03/05 10:48|36 visualizações
Acredito que já contei sobre o encontro inesperado com a poeta Lucilla Simonsem. Recebi o seu livro, Rasgadas, para um podcast, sem conhecê-la, sem nunca lhe colocar os olhos. Assim que publiquei, fui à Oscar Freire na inauguração da loja de flores do Luiz, meu sobrinho. Lá estava ela, não na loja, próximo, conversando com amigos. A reconheci pela foto que o livro traz. O assunto, em seu grupo, não podia ser outro: o lançamento do livro. Ouvi a poucos passos. Pensei em me apresentar. Lucilla, sou eu, Fernando Dezena. Desisti. Ela se foi, eu me fui, nunca mais nos encontramos.


Mas, tenho um outro fato mais intrigante. Dois amigos de agora, por 44 anos, não se conheceram. O que tem isso? Continuo, nasceram no mesmo dia 27 de abril, embora em anos diferentes, usam o mesmo modelo de óculos, são magros, um se chama Maurício e o outro Fábio. Até aí, não me parece assunto para a crônica. Acontece que os dois possuem gêmeos, casal. Fiquei a pensar. Como pode ter acontecido de dois homens que nasceram no mesmo dia, magros, que usam o mesmo modelo de óculos, possuem gêmeos, se conhecerem no mesmo SICOOB? Um trabalha em Cotia, o outro em Itaquaquecetuba, cidades vizinhas do Alto Tietê. Não sei se existe um fato explicável na condução dos óvulos humanos. Ainda farei uma pesquisa para saber se todos os que nasceram no dia 27 de abril possuem filhos gêmeos.


Coloco o par de chinelos ao lado da cama e fico a pensar se em algum lugar do mundo existe um homem nascido dia 10 de novembro, que escreva poesias, não usa óculos, a não ser para a vista cansada desta vida e possua dois filhos maravilhosos. Não, não... não são gêmeos. Também fico a pensar na utilidade desses fatos, a não ser para uma roda de amigos, sem outros assuntos, em mesa de bar. Divã do pobre, chega-se calmo, um tanto tímido, pede-se uma bebida, aos poucos começam as primeiras histórias, depois a segunda bebida e os assuntos se aprofundam. Na terceira, futebol, religião e política exasperam o ambiente. Não sei onde se encaixa encontrar uma poeta de nome Lucilla, na Oscar Freire, ou conhecer duas pessoas que nasceram no mesmo dia e têm gêmeos. Certamente, o assunto não faria sucesso. Algumas coisas no mundo só servem para nós.


Como minha coleção de pedras de diversos lugares. Nada especial, somente pedras. Quando vim morar em São Paulo, nos restaurantes, dizia que não era da cidade e pedia um souvenir. Alguns me davam canequinhas de louça personalizadas, o HOCCA me deu dois vidros de pimenta com a marca do bar e o Mexilhão, da Treze de maio, o vidro de sal de sobre a mesa. Foi o que o garçom arrumou. Ao sair, fiquei apreensivo. Poderia escutar:


Pega ladrão!
 
Fernando Dezena é escritor.

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