Do Cafofo do Dezena - Crônica Viva - Samba e Futebol


E, se o assunto era samba, trouxeram o Rio de Janeiro. Se a Cidade Maravilhosa veio à baila, o Flamengo disputava o título sul-americano contra o Palmeiras. Petrópolis ficou em polvorosa. Camisas vermelhas e pretas brotavam em todas as esquinas, lotando ruas e bares. A lei do silêncio, para o bom convívio com os animais, não reinou. Rojões pipocavam pelo céu em estrondos escomunais. Uma catarse que só se resolveu aos 67 minutos, pela cabeça do Danilo. Eu estava na casa reservada aos escritores, caneca de chope em punho, quando o jogo acabou. Pareciam loucos, com sorrisos largos estampados.
 
Lembro-me de outra vez em que o rubro-negro foi campeão da    América    andava  por Minas Gerais. O Luti, meu irmão caçula, abocanhou um prêmio do café Três Corações pela qualidade da sua produção. Com as esposas Luciane e Gizela fomos para Belo Horizonte receber e comemorar. De lá, esticamos para as cidades históricas. Aportamos em Ouro Preto. No barzinho frequentado por estudantes da UFOP, vimos o time da Gávea derrotar o River Plate. Alertei meu cunhado palmeirense: sempre que assisto ao Flamengo fora de São Paulo, ele ganha. Olhou-me incrédulo. Deu no que deu.
O dissabor ficou por conta de uma blusa minha e um litro de cachaça Três Rios que comprei para um outro irmão: Clemente. Gosta de saborear em doses comedidas. Acontece que deixei tudo no banco de trás do carro que havia alugado. No dia seguinte, ciente do esquecimento, voltei à locadora.
Não, senhor, não tinha nada no carro.
Desapontado, registrei a reclamação no site da empresa. Vou aguardar o retorno. Para o Clemente, buscarei outra garrafa em algum alambique. Não creio que devolvam a Três Rios. E, para os palmeirenses, recomendo lenços Presidente.
A blusa? Deixa pra lá, chegou o verão.
 
Fernando Dezena
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