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Do Cafofo do Dezena - Crônica Viva - Fernanda Torres
São João da Boa Vista|cultura|10/01 09:25|45 visualizações
O Brasil começa o ano excepcionalmente bem representado por abnegados do cinema nacional e da nossa literatura. Fernanda Torres, Selton Mello, Walter Salles trouxeram de volta uma dignidade que há muito os brasileiros não sentiam: amor-próprio. As elites brasileiras, que comandam nosso país desde as caravelas Nina, Pinta e Santa Maria, sempre viram em nossa terra um jeito de enriquecer, juntar as burras cheias e partir de volta para o velho continente (hoje gostam de Miami). Não têm um projeto de desenvolvimento para o país. Por isso, a desigualdade social é tão grande, por isso, milhares de pessoas morando pelas ruas o andar de cima, como diz o Gaspari, não está nem aí para a construção de um país pujante. Só não querem que mexam na sua fatia do queijo, diga-se, fatia tão grande que não tem goiabada no Laticínios Prata suficiente para cobri-la.


Deixada a bile no primeiro parágrafo, voltemos à Fernanda Torres. Feito grandioso, como Ayrton Senna, como a seleção canarinho nos velhos e bons tempos. Tudo tão perfeito que parecia um sonho. Assisti dezenas de entrevistas dela e, em cada uma, novas emoções. Que show! E o Walter Salles é outro abnegado. Roteiro baseado no livro do Marcelo Rubens Paiva, que tivemos oportunidade de entrevistar, certa vez, em uma das dezenas de terças literárias da UBE, retrata o desaparecimento e morte de seu pai, Rubens Paiva, pela sanguinária ditadura militar, que se instalou no Brasil em março de 1964 e como sua mãe, interpretada por Fernanda Torres, Eunice Paiva, lidou com o problema e criou os filhos na ausência do marido.


Já ouvi muitos relatos de quem foi aos cinemas: de choro, de gritos, revolta e antipatia. Para mim, o que mais chamou a atenção foi a capacidade de contar a história de uma mulher e sua família, em um momento trágico da vida nacional, sem nada de apelativo. Poderia ter mostrado cenas e cenas de torturas degradantes, não o fez poderia mostrar mulheres sendo seviciadas nos porões inomináveis, não o fez de corpos sendo jogados de aviões ao mar ou enterrados em valas comuns. Poderia, ainda, quando do acidente do filho, ter passado a gravidade na tela, não o fez. O peso de uma grande nuvem negra pairando durante todo o filme foi o que mais me impressionou.


PARABÉNS!
 
Fernando Dezena

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