Dignidade, grama aparada e o Fusca branco

Flanando pela Fonte Platina, aquela singela casa sempre me chamou a atenção. Gramado impecável, plantas bem cuidadas, varanda limpa, calçada varrida, um conservado Fusca branco na garagem coberta. Quase sempre sozinho, o morador transborda dignidade: ora cozinhando pra si próprio na área externa, ora servindo café aos lixeiros, ora simplesmente, olhar longe, vendo a pacata vida do bairro passar lentamente. Hoje não resisti e tive um dedo de prosa com o senhor Ludovico Sassaron. Aos 78 anos, viúvo, duas filhas, três netas, ele sustentou a família na dura lida: primeiro na lavoura e depois como servente de pedreiro. Atualmente, ainda labuta pelas manhãs, cuidando dos jardins da vizinhança. Aquele idoso solitário, que namora somente nos finais de semana e nunca usou celular, cuja morada é um exemplo de zelo, carrega no semblante sereno, na voz calma e na gentileza a bagagem de integridade daqueles que trafegam com honradez pela nem sempre fácil estrada da existência. Lauro Augusto Bittencourt Borges é bancário e membro da Academia de Letras de São João da Boa Vista - Instagram: @lauroborges
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24/11 08:18
lembro do cara do fusca verde










